Gostaria de lembrá-los que, como o Daniel não existe de verdade, certas coisas estão um pouco diferentes da verdade. Por exemplo, o Daron (pai do Daniel) namorou a Jéssica (mãe do Daniel) em 2005 mais ou menos, porém eu fiz com que fosse um pouco mais adiantado, para não fazê-lo tão novo. Essa parte em negrito não faz parte da história. Agora podem continuar a ler (~'-')~
Aqui eu irei contar a minha história, não que eu goste, não que eu realmente queira, mas a Injhi me contou que ela também tinha escrito sua história e me convenceu a escrevê-la.
Antes de realmente começar, tenho que lembrá-los que minha infância não foi e nunca foi fácil, talvez pelo fato de que eu sou um vampiro e que tudo piora as coisas, mas enquanto eu ainda era um normie eu sofria bastante.
Para início de conversa, eu nasci em meio ao rock. Meus tios, enquanto ainda eram jovens, com mais ou menos uns 12 anos, já colecionavam posters de bandas de rock, um exemplo dela era Kiss, isso quando meu pai tinha apenas 4 anos.
Desde então meu pai sempre quis ser um músico, ele queria ser como seus irmãos, queria seguir seus exemplos, então ele também já começou a colecionar discos ainda novinho. 4 anos ainda, para ser mais exato. Foi aí que tudo começou, se você perguntasse para ele aos seus 7 ou 8 anos o que ele gostaria ser quando crescesse, ele já responderia que queria ser músico, que queria formar uma banda.
Foi aí que tudo começou para mim também.
Quando eu nasci, meu pai já tinha uma idéia do que ele queria fazer, apesar de que a banda System of a Down ainda não tinha se formado. Mas não vamos nos precipitar, vou começar a falar da minha infância, porque isso é uma auto-biografia minha, não da banda, nem do meu pai, nem de ninguém, apenas minha.
Pouquíssimas pessoas sabem que, na verdade, eu odeio minha mãe, para mim é como se ela não existisse, não que eu realmente quisesse que ela existisse, mas não digam que eu estou fazendo draminha, isso é sério.
Eu simplesmente a odeio pelo fato de que, para mim, ela só ficou com o meu pai por dinheiro, pegou o que queria e fugiu a procura de gente mais rica. Ela simplesmente engravidou de mim e foi embora. Não acho isso algo ruim até, porque eu acho que minha infância foi realmente muito melhor sem ela por perto. Até que não é tão sofrido viver sem uma mãe, mas eu não sei se isso é algo bom ou ruim, nunca vou realmente saber. Não que eu queira, mas, ah, esquece. Tudo foi inevitável, era aquele futuro que me esperava, e eu não podia fazer nada para mudá-lo. Infelizmente.
Ao completar meus 2 anos, tudo ainda era muito novo para mim, nós éramos pobres, mas apesar de tudo foi um tempo bem vivido, nem tudo era algo bom, mas não quero ser pessimista.
Eu era muito pálido, muito fraco naquele tempo, eu preferia ficar sozinho a ter que ficar com outras pessoas, e isso chamava atenção, apesar de o que eu menos queria isso. Também viviam me zoando por causa da minha heterochromia. Um olho claro – quase branco, na verdade – e o outro verde.
Meu pai nunca teve um emprego fixo, o que fazia eu ficar sozinho na maioria do tempo. Não que eu tivesse medo, eu gostava de ficar sozinho, mas não com aquelas pessoas. Então eles sempre me usavam como saco de pancadas, faziam a maldita brincadeira da latinha, me usando como a mesma. A cada dia tudo isso ficava mais e mais dolorido, e eu sempre inventava a mesma desculpa todo o dia ao meu pai :
– Não se preocupe, pai, eu apenas cai várias vezes enquanto caminhava na rua...
Meu pai não participava muito da minha infância, mas não devo culpá-lo por isso, eu sei que era duro, ele precisava nos manter vivos. O mundo gira em torno do dinheiro.
Aos 5 anos, ainda sofrendo bastante com isso, – e tendo quebrado vários ossos – eu trancava-me no meu quarto, escutando meu pai tocar suas músicas. Foi aos meus 5 anos que eu comecei a querer aprender a tocar instrumentos, cantar. Eu queria ser músico, apesar das barreiras. Todos riam desse meu possível futuro, e era muito desmotivador pelo fato de que não existia ninguém para me apoiar.
Eu era um garoto muito sem esperanças no futuro, na vida. Aos meus 6 anos nada de bom tinha acontecido, eu só era usado como um saco de pancadas, só vivia para chorar e lamentar da vida, ter sonhos com um possível futuro em que eu queria viver, com amigos. Eu nunca tive um aniversário, uma festa, um bolinho, nem isso. Isso é traumatizante para uma criança de 6 anos.
Ao completar meus 12 anos era tudo a mesma coisa. Ao final do ano, nós finalmente nos mudamos de casa, e fiquei aliviado por me livrar daquele inferno.
Tudo era muito melhor que antes. Eu não tinha mais inimigos ou pessoas querendo me matar. Eu ainda não tinha amigos, era um anti-social, mas não era tão ruim, pelo menos para mim. Minha única diversão era um balanço que estava a ponto de quebrar.
Ao completar 17 anos eu fui caminhar por aí, para ver com quem conversar ou ter um amigo pelo menos. 17 anos sem conversar com alguém que não fosse seu pai ou alguém que quisesse te matar não é nada normal.
Porém alguns cães de rua que provavelmente não comiam a tempos começaram a me seguir, então comecei a correr, até me tocar que eu estava completamente perdido.
Caminhei por entre as árvores me sentindo ainda mais longe de casa, então decidi ficar parado e esperar alguém me socorrer. Fui pegar alguns gravetos e senti a presença de alguém perto de mim.
Me virei e não vi ninguém, nem um barulho.
Acendi uma pequena fogueira e com outros pequenos pedaços de madeira fui colocando as chamas para ele aumentar. O fogo me esquentava, então fechei os olhos por alguns segundos e durante esse tempo senti alguém atrás de mim.
– Eu devo estar delirando. – me levantei e senti algumas mãos em meu ombro. Eu definitivamente não estava ficando louco. Felizmente. Ou não. – Q-quem é v-você? – perguntei suando frio.
– Acalme-se jovem. Você está fraco... está a beira da morte, isso se você continuar assim. – era um homem, tinha a voz calma, cabelos longos e vestia roupas escuras.
– Eu sei que sou pobre mas... – fui interrompido pela sombra do homem, que apagou a fogueira com um estalo vindo de seus dedos.
– Eu não estou me referindo a isso... – engoli em seco, sem entender nada.
– O-o que...? – não pude terminar a frase. Ele alisava meu pescoço com suas mãos, e por mais que eu tentasse me soltar, eu não conseguia mover um músculo de meu corpo.
– Vai ficar tudo melhor, confie. – Senti ele chegando ainda mais próximo de meu pescoço, e ele finalmente mordeu o local. Arregalei os olhos com medo, mas ainda não podia me mover. Senti seus dentes perfurarem meu pescoço, e me vi caindo, com minha visão embaçada. Virei minha cabeça para encará-lo, mas não pude ver quase nada. Meu sangue quente escorria pelo meu pescoço frio, e pude vê-lo lambendo seus lábios para coletar o meu sangue que ainda restava nele. Minhas pálpebras começaram a ficar mais pesadas, e em um sacrifício em vão, eu lutava para me manter acordado.
Acordei com o sol no meu rosto. Senti algo diferente em mim. Passei meus dedos pela minha boca e senti dois dentes pontudos. Passei minha mão pelo meu pescoço e senti dois pequenos furinhos. Eu ainda tinha pensado que era um sonho, mas, depois disso, percebi que era algo real. Me levantei com certa dificuldade e olhei para mim mesmo : minha pele estava um pouco mais escura e acinzentada.
Comecei a cambalear a fora da floresta e finalmente encontrei minha casa : meu pai estava impaciente e aparentava estar preocupado. Ele olhou para mim e com passos largos me deu um abraço que durou pouco tempo.
– Filho! Ah, cara, você me deu um susto, caramba!
– Desculpe – eu disse em meio a pequenos risos.
– Você está... diferente... – ele disse caminhando em direção a porta da frente da nossa casa.
– Não sei como posso explicar isso. – Eu disse o acompanhando.
Chegamos a frente de nossa casa e eu contei tudo a ele. Ele me disse que tinham histórias assim a algum tempo, parece que aquela ‘sombra’ fugiu de Salem. O que me preocupou mais ainda era que ele me contou que iríamos nos mudar para Salem em breve.
– O-o quê?! – eu disse me levantando bruscamente.
– Calma, cara. Já que você é um vampiro não devia se preocupar tanto. Você precisa ir para uma escola e cedo ou tarde vão descobrir que você é um vampiro. Já imaginou? – Ele se levantou e foi a procura de um espelho. – Olha cara.
Me vi com o cabelo espetado e um dos olhos vermelho. A heterochromia foi mantida. Olhei para minha pele e fechei os olhos. Me sentei e apoiei os meus cotovelos nas minhas cochas com os olhos fechados.
– Vai ficar tudo bem, cara. – Meu pai repetia. – Tudo bem.
Passaram-se 4 anos vivendo em Salem como um vampiro. Completei meus 21 anos e meu pai anunciou :
– Eu faço parte de uma banda, cara! – ele estava realmente animado.
– Que fera, pai! Qual é?
– System of a Down. Em breve te mostro os integrantes. Você vai se amarrar.
Sorri. Um sorriso frouxo, com meus caninos a mostra. Eu estava feliz. Pela primeira vez em 21 anos eu estava realmente feliz. Eu tinha amigos, eu tinha um lugar pra ficar, eu tinha personalidade. Eu estava tão feliz. Por mais que meu pai me visitasse pouquíssimas vezes por conta da banda, eu sabia que ele estava feliz também. E a felicidade do meu pai é sinônimo da minha. Passei mais da metade da minha vida sofrendo, e fico feliz em ser um exemplo para as pessoas, para elas verem que podem melhorar de vida.
Eu não me arrependo de nenhuma parte da minha vida, nem das minhas escolhas. Por mais que eu gostaria que eu não tivesse passado por tantas coisas ruins na minha vida, nada foi em vão. As vezes é preciso sofrer para se encontrar a felicidade.
Eu ainda sofro, claro. Mas pelo menos eu já tenho um motivo para a minha existência.
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